sábado, 19 de setembro de 2009
O TESOURO DE SELMA LAGERLOF
segunda-feira, 8 de junho de 2009
SUSHI E RUBI
sexta-feira, 29 de maio de 2009
A RAPARIGA E O SONHO
Uma rapariguinha muito ligada às flores, às folhas e tão presa à terra, como se dela tivesse nascido, como uma árvore.Também se sentia muito prisioneira do sol, da lua e das estrelas, que imaginava tão tristes por estarem longe e sozinhas, que se dobravam nas águas do laguinho do jardim, onde as via reflectidas.
De íntimo fantasista e liberto, era do sol, da lua e das estrelas donde imaginava que tinham “chovido” uns seres invisíveis com quem brincava.
E as brincadeiras sucediam-se. Libertavam-na do seu peso e sustentavam-na no ar, quer com vara mágica, quer com um simples dedo.
E às vezes, faziam ainda descer sobre ela, ignoradas, poeiras e orvalhos astrais.E tudo aquilo era maravilhoso, pois adorava subir pelas paredes do ar ou dançar no vento. E, como aqueles serzinhos não eram identificados pelos que a rodeavam, contava-lhes segredos só dela sabidos, fazendo florescer a amizade e entrelaçando os corações num abraço.Tratava-os como uma mãezinha a uns filhos muito amados e contava-lhes histórias inventadas por ela ou deixava um a tomar conta de uma casinha, a fingir, sem telhado.
Outras vezes jogava às escondidas com eles, no jardim, ou vigiava-os, enquanto nadavam no laguinho-oceano, sempre à vista de terra e com a margem longa de ramos, benfazejos, para poderem agarrar-se e não se afogarem.
Também os deixava tomar conta dos seus castelos de puzzles. Mas o que mais gostava era de provar-lhes t-shirts variadas ou tentar tirar-lhes medidas para trajes mágicos. Sim, porque os vestidos dela também eram como os das princesas de “Era uma vez...”, não apenas da cor do tempo, mas acesos por fogos cósmicos, cheios de corações a deitar raízes, de números fugidos da tabuada, espirais galácticas, malmequeres, margaridinhas entre caminhos concha de caracol, flores-aranhas, morangos verde-roxo, cravos alilasados, bocas-beijos, que sei eu.
Também amava brincar com coisas vivas e gostava muito de animais, encantados e encantadores.
Assim era tu cá tu lá com o bichano que, pasmado, a via ser capaz de fazer o pino não sobre a cabeça, mas nas perninhas curtas das tranças.
Às vezes, de repente e sem porquê, ficava triste e silenciosa. Então, o gato e as criaturinhas invisíveis conversavam entre si. O gato, amador de mimos e de festas sobre o pêlo, sentia-se muito abandonado, e, insistente, interrogava um dos serzinhos imaginados, que, cheio de paciência e enigmaticamente, lhe explicava que ela estava a crescer por dentro e sozinha.
Outras vezes, demorava muito tempo a arranjar-se, assistida pela sua aia, uma medusa-lunar que lhe tomava conta de uma joaninha do quintal, jóia-viva, com que fazia gosto de enfeitar-se, depois de vestida atrás da cortina de flores, trepadeiras-trevo.Estava a tornar-se tão íntima de si e tão madura que crescia pelo sonho. Era isso. Mesmo no seu vestidinho andadeiro e de todos os dias, às pintas, como o de qualquer adolescente, e as suas trancinhas, via-se que tinha sofrido uma transformação.Estava prestes a ser a Bela e a entrar no Jardim do Amor, para procurar, através do labirinto, um coração onde o seu pudesse reflectir-se e reconhecer-se.
Luísa Dacosta, Julho de 2001
Luísa Dacosta - A Rapariga e o Sonho
Edições Asa, 2006
quarta-feira, 29 de abril de 2009
SANDRA PINTO, A AUTORA ELEITA DAS ADOLESCENTES
A autora visitou a nossa escola no dia 23 de Abril, dia internacional do livro.
Num dos seus livros, escreve:
"Hoje foi o dia mais triste do ano e tinha tudo para ser um dos mais alegres. Era a festa mais importante da aldeia em Moinhos e nós estávamos contentes, porque íamos almoçar a casa do meu avô e havia festa de tarde"
in Apaixono-me sempre pelo rapaz errado
As adolescentes lêem mais depressa os textos que as ajudem a compreender-se nesta fase complexa das suas vidas. Sandra Pinto diz e bem que se não formos adolescentes, poderemos recordar a adolescência, agora, com nostalgia.
sábado, 25 de abril de 2009
A CAMINHO DO DIA 23 DE ABRIL, DIA MUNDIAL DO LIVRO
SÃO TANTAS AS HISTÓRIAS QUE O AUTOR CRIOU QUE ANDAM POR AÍ À SOLTA NAS MÃOS DOS MELHORES LEITORES.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
ANTÓNIO TORRADO
Na Escola E.B. 2,3 de Amares
António José Freire Torrado é o nome completo do poeta que nasceu em Lisboa em 1939. Licenciou-se em Filosofia pela Universidade de Coimbra. Dedicou-se à escrita desde muito novo, tendo começado a publicar aos 18 anos. A sua actividade profissional foi e é diversa: escritor, pedagogo, jornalista, editor, produtor e argumentista para televisão. Tem trabalhado em parceria com Maria Alberta Menéres em diversos livros e programas de televisão.
Actualmente, é Coordenador do Curso Anual de Expressão Poética e Narrativa no Centro de Arte Infantil da Fundação Calouste Gulbenkian. É o professor responsável pela disciplina de Escrita Dramatúrgica na Escola Superior de Teatro e Cinema. É dramaturgo residente na Companhia de Teatro Comuna em Lisboa.
Sendo consensualmente considerado um dos autores mais importantes na literatura infantil portuguesa, possui uma obra bastante extensa e diversificada, que integra textos de raiz popular e tradicional, mas também poesia e sobretudo contos. Reconhece a importância fundamental da literatura infantil enquanto veículo de mensagens, elegendo como valores a promover a liberdade de expressão e o respeito pela diferença.
António Torrado utiliza com frequência o humor em algumas das suas histórias. Por outro lado, em alguns textos de carácter alegórico ou de ambiente oriental, é o registo poético que predomina. De resto, os valores poéticos assumem para o autor uma posição central em qualquer projecto educativo.
Recentemente, começou também a trabalhar novelas e romances para a infância e juventude, mas a vertente mais marcada da sua actividade nos últimos tempos é, sem dúvida, o teatro.
Grande Notícia
Caiu da árvore, no princípio do Outono, uma folha de plátano. Isto não é notícia. Se um jornal publicasse a toda a largura da primeira página ou até numa das páginas interiores, na coluna reservada a desastres e acidentes, esta notícia, assim intitulada:FOLHA DE PLÁTANO CAIU DA ÁRVORE os leitores achariam que era uma maluquice de jornalista e, no dia seguinte, compravam outro jornal diferente. Mesmo que a notícia fosse assim: FOLHA DE PLÁTANO CAI DESPREVENIDAMENTE SOBRE UMA LAGARTIXA, QUE SE ASSUSTOU MUITO mesmo esta notícia, apesar do susto da lagartixa, não tinha sentido num jornal. E se ela se assustou! Estava descansadamente a apanhar sol e cai-lhe uma folha em cima. Claro que fugiu atarantada, tão atarantada que passou pelas patas do gato Maltês, que acordou sobressaltado e logo correu atrás dela. O cão Pimpão, que ia a passar, viu o gato a correr e foi atrás dele. Atrás do gato, o cão Pimpão atravessou a rua, no momento em que a carroça do senhor Cosme, puxada pela égua Linda, ia a passar. Espantou-se a égua, que levantou a toda a altura as patas dianteiras, a carroça desequilibrou-se, o senhor Cosme caiu, mas não se feriu, embora tivesse arrastado ao cair dois cestos com peras que trazia na carroça. As peras rolaram na estrada, e uma camioneta carregada com toros de madeira, que ia atrás da carroça, teve de travar de repente. Como os troncos estavam mal presos (o que é sempre um perigo!), como os troncos estavam mal presos, desabaram, com a sacudidela da camioneta, e caíram em grande confusão sobre a estrada, precisamente na altura em que uma camioneta de carreira ia a passar, em sentido contrário. Para não chocar com os toros, a camioneta, aliás o motorista da camioneta, guinou para a direita e foi embater num poste de electricidade, que caiu por pouca sorte em cima da linha do caminho-de-ferro, mesmo paralela à estrada, onde tudo isto se passou.Felizmente que a senhora Marília, da passagem de nível próxima, estava atenta e accionou logo o sinal de perigo, para que o comboio correio interrompesse a sua marcha... senão, senão tinha havido um grande desastre. Mesmo assim veio notícia no jornal TRÂNSITO FERROVIÁRIO INTERROMPIDO. Só que não disseram os jornais que tudo isto tinha acontecido por causa de uma folha caída de uma árvore e por culpa de uma lagartixa assustadiça... Só nós é que sabemos.
Grande Notícia, de António Torrado in "Conto contigo" Editora Civilização
OBRAS PUBLICADAS
Obras para a infância:
Poesia
Não se Chama Chama, Coimbra: Editora Vértice, 1984.Prosaicas, Porto: Afrontamento, 1985.Do Sabugo à Unha, Lisboa: & etc., 1993.
Ficção
De Vitor ao Xadrez, Lisboa: Livros Horizonte.O Almanaque Lacónico, Lisboa: O Jornal, 1991.Cinco Sentidos e Outros (contos), Lisboa: Civilização/Contexto, 1997.
Ensaio
Da Escola sem Sentido à Escola dos Sentidos, Porto: Afrontamento, 1988; 2ª ed., Civilização, 1994.Crescendo e Aparecendo (com Maria Alberta Menéres), Lisboa: Instituto de Apoio à Criança, 1988 .O Bosque Mínimo, Lisboa: Instituto de Apoio à Criança, 1990.
Teatro
Teatro do Silêncio, Lisboa: Sociedade Portuguesa de Autores, 1988.Conte Comigo, Lisboa: SPA/Dom Quixote, 1996.
Doze de Inglaterra seguido de O Guarda-Vento
PRÉMIOS ATRIBUÍDOS E HOMENAGENS
1988- Grande Prémio de Literatura Infantil Calouste Gulbenkian.