segunda-feira, 8 de junho de 2009

SUSHI E RUBI


Jacob toma uma decisão


Sushi chegou à escola com olhos de choro.

— O que aconteceu? — Pergunta Jacob.

— O meu porquinho-da-índia morreu — responde Sushi — O meu Sebastião, que tinha uma pinta preta no nariz.

— Oh — diz Jacob — E, agora, estás triste.

Sushi acena com a cabeça.

— Não podes pedir aos teus pais que te comprem outro? — pergunta Max.

— Podia, mas não quero — diz Sushi — Agora para o fim, o Sebastião era infeliz. Já não queria comer nada, tinha as patas paralisadas. Fazia-me tanta pena!

Sushi chorava.

— O Sebastião era um porquinho-da-índia muito querido — diz Catarina.

— Mas já estava muito velho — comenta Rubi — Todos temos de morrer; tu não podias fazer nada. Vá, não chores assim.

Jesus — pensa Jacob — porque é que o Sebastião teve de ser tão infeliz?....

— Deixa-a chorar — diz ele a Rubi.

— Há coisas mais importantes por que chorar — resmunga Rubi.

Jacob olha para Rubi.

— Pois há — diz Rubi — Mas não se pode passar o tempo todo a chorar.

Jacob fica à espera, mas Rubi não quer falar mais. Só no caminho de regresso a casa começa a contar:

— Os meus pais, afinal, sempre querem divorciar-se.

— Oh! — Exclama Jacob.
— Eu fico com a mãe — conta Rubi — O pai vem buscar-me ao domingo, de quinze em quinze dias. A mãe volta a ir o dia inteiro para o escritório.

— Isso, realmente, não tem graça nenhuma — diz Jacob.

— Se eu pudesse aprender a aquecer a comida — continua Rubi — a avó não tinha de vir todos os dias a minha casa. Não gosto dela. Está sempre a dizer mal do pai.

— Podes vir comer a nossa casa — propõe Jacob — Pelo menos de vez em quando. Assim não tens de aturá-la todos os dias.

— Era… Fala lá com a tua mãe.

Jacob promete que vai falar.

— Nem imaginas a sorte que tens com os teus pais — diz Rubi de repente — Porque é que em nossa casa não pode ser assim? Compreendes isto?

— Não — responde Jacob.

À tarde, Jacob vai com a mãe visitar a bisavó.
— O médico esteve cá hoje — conta a mãe — teve de dar-lhe uma injecção contra as dores — e suspiram — É mau que a bisavó tenha de sofrer assim tanto.

A bisavó não suspira nem se queixa. Só tem a cara um pouco pálida. Olha para Jacob e pergunta:

— Então, há novidades na escola?

Jacob conta o que aconteceu ao porquinho-da-índia da Sushi e que os pais de Rubi vão divorciar-se.

— É uma pena — lamenta a bisavó — Pobre Sebastião. Pobre Sushi. Pobre Rubi. Há tanto sofrimento no mundo!

— E porquê? — Pergunta Jacob.

— É um segredo — responde a bisavó — Poucos têm a resposta para isso.

No regresso, Jacob caminha em silêncio ao lado da mãe.

Jesus — pensa ele — espera só até eu chegar à tua beira. Vou insistir tanto contigo, que hei-de receber uma resposta a todas as minhas perguntas.


Lene Mayer-Skumanz

Jakob und Katharina

Wien, Herder Verlag, 1986